E se...
os nazistas tivessem ganhado a 2ª Guerra?
Magnus Andrade Magalhães
A
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idéia de que
Hitler pudesse concretizar seus planos megalomaníacos hoje soa absurda. Mas os
alemães estiveram perto de ganhar a guerra. Tanto que o historiador inglês
Stephen Ambrose atribui a derrota dos nazistas a um meteorologista escocês. Ele
chamava-se J.M. Stagg e fazia a previsão do tempo para as tropas aliadas. No
dia 5 de junho de 1944, apesar da tempestade que castigava a costa francesa,
ele garantiu que o céu abriria mais tarde.
Foi um chute, pois o clima naquela região é tão
instável que até hoje os satélites erram metade das previsões. Mas Stagg
acertou. Se a chuva continuasse, os soldados que desembarcaram na França na
manhã seguinte – o Dia D – chegariam à costa enjoados, incapacitados para
lutar. E não haveria visibilidade para soltar pára-quedistas ou bombas.
Resultado: a operação para libertar a França seria um fiasco.
Por outro lado, o historiador militar inglês John
Keegan acredita que Hitler perdeu sua chance de vencer 3 anos antes, em 1941.
Nessa época, quase toda a Europa estava em suas mãos ou na de seus cúmplices
italianos e simpatizantes espanhóis.
Animado, o ditador encarou de frente a Rússia e foi
derrotado pelo inverno. Keegan argumenta que Hitler poderia ter optado por uma
invasão indireta. Ele entraria fácil na Turquia e de lá estenderia seus tentáculos
pelo Oriente Médio. Garantiria, assim, um suprimento inesgotável de petróleo
para suas tropas. Depois, tomaria o sul da União Soviética, onde o inverno não
é tão cruel. E deixaria Stálin sem suas maiores reservas petrolíferas."Daí
para a frente, seria fácil conquistar a Rússia e depois a Índia, então colônia
inglesa", diz Keegan. Enquanto isso, seus aliados japoneses ocupariam a
China, ligando o Japão à Alemanha. E não pararia por aí. "A Inglaterra é
pouco populosa e pobre em recursos naturais", afirma Keegan. Sem suas colônias,
viraria presa fácil. Na época, boa parte da África era colônia européia e
acabaria nas mãos do führer.
Resultado: antes mesmo de 1950, o "império
nazista" já teria se estendido por Europa, Ásia e África – mais do que os
Impérios Romano e Mongol somados. "Seria um mundo de duas classes",
diz Christian Lohbauer, especialista em história alemã, da USP. Os arianos,
considerados superiores, mandariam. Eslavos, negros e asiáticos virariam
cidadãos menores. Outros povos, como judeus e ciganos, seriam dizimados.
É bem possível que nem assim os nazistas
sossegassem. "Eles dependiam da guerra", diz Lohbauer. "As
empresas alemãs cresceram fornecendo equipamento para o Exército e precisavam
da mão-de-obra escrava dos prisioneiros." Ou seja: continuariam invadindo
país após país para manter esse esquema. Iriam para o Pacífico e de lá para a
Oceania. "Podemos ter um século de luta à nossa frente", disse Hitler
certa vez. "Antes isso do que ir dormir."
Assim, ele esbarraria nos interesses de outra
potência: os EUA. "Não permitiríamos que eles se apoderassem da América
Latina", afirma o americano Robert Cowley, fundador da revista Militar
History Quarterly, especializada em história militar.
Neste cenário, a Guerra Fria teria ocorrido entre
Alemanha e EUA. "Mas o mais provável seria uma guerra quente mesmo",
diz Keegan. E o palco seria a América Latina. A luta duraria para sempre?
"Acho difícil", diz Cowley. "O império nazista baseava-se numa
figura carismática. Uma hora Hitler morreria. Quem o substituiria?"
Depois da morte do ditador, os oprimidos iriam se
rebelar e o império se despedaçaria.
Chegaríamos ao ano 2000 nos reerguendo dos destroços.
É bem possível que a ciência estivesse estagnada, depois de décadas torrando
dinheiro em bombas. A informática seria primitiva. E a internet não existiria:
regimes autoritários, que dependem do controle da informação, impediriam que
ela se difundisse. Na próxima vez que navegar na rede mundial de computadores,
agradeça, portanto, àquele sortudo meteorologista escocês.
FONTE: SITE: SUPERINTERESSANTE
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